domingo, 3 de abril de 2011

A edificação cristã OS PRIMEIROS CRISTÃOS

Atingindo um período de nova compreensão concernente aos mais
graves problemas da vida, a sociedade da época sentia de perto a
insuficiência das escolas filosóficas conhecidas, no propósito de
solucionar as suas grandes questões. A idéia de uma justiça mais perfeita
para as classes oprimidas tornara-se assunto obsidente para as massas
anônimas e sofredoras.
Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do
Cristo representava
o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos

aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: - "Vinde a mim,
vós todos que sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei" - e da
cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança desconhecida.
A recordação dos exemplos do Mestre não se restringia aos povos
da Judéia, que lhe ouviram diretamente os ensinos imorredouros.
Numerosos centuriões e cidadãos romanos conheceram pessoalmente os
fatos culminantes das pregações do Salvador. Em toda a Ásia Menor, na
Grécia, na África e mesmo nas Gálias, como em Roma, falava-se dEle, da
sua filosofia nova que abraçava todos os infelizes, cheia das claridades
sacrossantas do reino de Deus e da sua justiça. Sua doutrina de perdão e
de amor trazia nova luz aos corações e os seus seguidores destacavam-se
do ambiente corrupto do tempo, pela pureza de costumes e por uma
conduta retilínea e exemplar.
A princípio, as autoridades do Império não ligaram maior
importância à doutrina nascente, mas os Apóstolos ensinavam que, por
Jesus-Cristo, não mais poderia haver diferença entre os livres e os
escravos, entre patrícios e plebeus, porque todos eram irmãos, filhos do
mesmo Deus. O patriciado não podia ver com bons olhos semelhantes
doutrinas. Os cristãos foram acusados de feiticeiros e heréticos, iniciandose
o martirológio com os primeiros editos de proscrição. O Estado não
permitia outras associações independentes, além daquelas consideradas
como cooperativas funerárias e, aproveitando essa exceção, os
seguidores do Crucificado começaram os famosos movimentos das catacumbas.
_________________________________________________________A PROPAGAÇÃO DO CRISTIANISMO
Na Judéia cresce, então, o número dos prosélitos da nova crença. O

hino de esperanças da manjedoura e do calvário espalha nas almas um
suave e eterno perfume. É assim que os Apóstolos, cuja tarefa o Cristo
abençoara com a sua misericórdia, espalham as claridades da Boa Nova
por toda a parte, repartindo o pão milagroso da fé com todos os famintos
do coração.
A doutrina do Crucificado propaga-se com a rapidez do relâmpago.
Fala-se dela, tanto em Roma como nas Gálias e no norte da África.
Surgem os advogados e os detratores. Os prosélitos mais eminentes
buscam doutrinar, disseminando as idéias e interpretações. As primeiras
igrejas surgem ao pé de cada Apóstolo, ou de cada discípulo mais
destacado e estudioso.
A centralização e a unidade do Império Romano facilitaram o
deslocamento dos novos missionários, que podiam levar a palavra de fé ao
mais obscuro recanto do globo, sem as exigências e os obstáculos das
fronteiras.
Doutrina alguma alcançara no mundo semelhante posição, em face
da preferência das massas. É que o Divino Mestre selara com exemplos as
palavras de suas lições imorredouras.
Maior revolucionário de todas as épocas, não empunhou outra arma
além daquelas que
significam amor e tolerância, educação e aclaramento. Condenou todas as

hipocrisias, insurgiu-se contra todas as violências oficializadas, ensinando
simultaneamente aos discípulos o amor incondicional à ordem, ao trabalho
e à paz construtiva. É por essa razão que os Evangelhos constituem o livro
da Humanidade, por excelência. Sua simplicidade e singeleza
transparecem na tradução de todas as línguas da Terra, prendendo a alma
dos homens entre as luzes do Céu, ao encanto suave de suas narrativas.
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A REDAÇÃO DOS TEXTOS DEFINITIVOS
Nesse tempo, quando a guerra formidável da critica procurava minar

o edifício imortal da nova doutrina, os mensageiros do Cristo presidem à
redação dos textos definitivos, com vistas ao futuro, não somente junto
aos Apóstolos e seus discípulos, mas igualmente junto aos núcleos das
tradições. Os cristãos mais destacados trocam, entre si, cartas de alto
valor doutrinário para as diversas igrejas. São mensagens de fraternidade
e de amor, que a posteridade muita vez não pôde ou não quis
compreender.
Muitas escolas literárias se formaram nos últimos séculos, dentro da
crítica histórica, para o estudo e elucidação desses documentos. A palavra
"apócrifo" generalizou-se como o espantalho de todo o mundo. Histórias
numerosas foram escritas. Hipóteses incontáveis foram aventadas, mas os
sábios materialistas, no estudo das idéias religiosas, não puderam
sentir que a intuição está acima da razão e, ainda uma vez, falharam, em

sua maioria, na exposição dos princípios e na apresentação das grandes
figuras do Cristianismo.
A grandeza da doutrina não reside na circunstância de o Evangelho
ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal
que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os
corações. Não há vantagem nas longas discussões quanto à autenticidade
de uma carta de Inácio de Antioquia ou de Paulo de Tarso, quando o
raciocínio absoluto não possui elementos para a prova concludente e
necessária. A opinião geral rodopiará em torno do crítico mais eminente,
segundo as convenções. Todavia, a autoridade literária não poderá
apresentar a equação matemática do assunto. É que, portas a dentro do
coração, só a essência deve prevalecer para as almas e, em se tratando
das conquistas sublimadas da fé, a intuição tem de marchar à frente da
razão, preludiando generosos e definitivos conhecimentos.
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A MISSÃO DE PAULO
No trabalho de redação dos Evangelhos, que constituem, sem

dúvida, o portentoso alicerce do Cristianismo, verificavam-se, nessa
época, algumas dificuldades para que se lhes desse o precioso caráter
universalista.
Todos os Apóstolos do Mestre haviam saído do teatro humilde de
seus gloriosos ensinamentos; mas, se esses pescadores valorosos eram
elevados Espíritos em missão, precisamos considerar que eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do

Mestre, sofrendo as influências do meio a que foram conduzidos. Tão logo
se verificou o regresso do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade
cristã, de modo geral, começou a sofrer a influência do judaísmo, e quase
todos os núcleos organizados, da doutrina, pretenderam guardar feição
aristocrática, em face das novas igrejas e associações que se fundavam
nos mais diversos pontos do mundo.
É então que Jesus resolve chamar o espírito luminoso e enérgico de
Paulo de Tarso ao exercício do seu ministério. Essa deliberação foi um
acontecimento dos mais significativos na história do Cristianismo. As
ações e as epístolas de Paulo tornam-se poderoso elemento de
universalização da nova doutrina. De cidade em cidade, de igreja em igreja,
o convertido de Damasco, com o seu enorme prestígio, fala do Mestre,
inflamando os corações. A princípio, estabelece-se entre ele e os demais
Apóstolos uma penosa situação de incompreensibilidade, mas sua
influência providencial teve por fim evitar uma aristocracia injustificável
dentro da comunidade cristã, nos seus tempos inesquecíveis de
simplicidade e pureza.
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O APOCALIPSE DE JOÃO
Alguns anos antes de terminar o primeiro século, após o advento da

nova doutrina, já as forças espirituais operam uma análise da situação
amargurosa do mundo, em face do porvir.
Sob a égide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a

civilização, assinalando os traços iniciais dos países europeus dos tempos
modernos. Roma já não representa, então, para o plano invisível, senão um
foco infeccioso que é preciso neutralizar ou remover. Todas as dádivas do
Alto haviam sido desprezadas pela cidade imperial, transformada num
vesúvio de paixões e de esgotamentos.
O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se
encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a
linguagem simbólica do invisível.
Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao
planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e
o velho Apóstolo de Patmos transmite aos seus discípulos as advertências
extraordinárias do Apocalipse.
Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos.
É verdade que freqüentemente a descrição apostólica penetra o terreno
mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pôde copiar
fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a
história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos
porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização
ocidental, estão ali pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais
dolorosa, ali relacionada, que ainda hoje se oferece à visão do mundo
moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma, simbolizada na
besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos.
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IDENTIFICAÇÃO DA BESTA APOCALÍPTICA
Reza o Apocalipse que a besta poderia dizer grandezas e blasfêmias

por 42 meses, acrescentando que o seu número era o 666 (Apoc. XIII, 5 e
18). Examinando-se a importância dos símbolos naquela época e seguindo
o rumo certo das interpretações, podemos tomar cada mês como sendo de
30 anos, em vez de 30 dias, obtendo, desse modo, um período de 1260
anos comuns, justamente o período compreendido entre 610 e 1870, da
nossa era, quando o Papado se consolidava, após o seu surgimento, com
o imperador Focas, em 607, e o decreto da infalibilidade papal com Pio IX,
em 1870, que assinalou a decadência e a ausência de autoridade do
Vaticano, em face da evolução científica, filosófica e religiosa da
Humanidade.
Quanto ao número 666, sem nos referirmos às interpretações com
os números gregos, em seus valores, devemos recorrer aos algarismos
romanos, em sua significação, por serem mais divulgados e conhecidos,
explicando que é o Sumo-Pontífice da igreja romana quem usa os títulos
de "VICARIVS GENERALIS DEI IN TERRIS", "VICARIVS FILII DEI" e "DVX
CLERI" que significam "Vigário-Geral de Deus na Terra", "Vigário do Filho
de Deus" e "Príncipe do Clero". Bastará ao estudioso um pequeno jogo de
paciência, somando os algarismos romanos encontrados em cada titulo
papal a fim de encontrar a mesma equação de 666, em cada um deles.
Vê-se, pois, que o Apocalipse de João tem singular importância para

os destinos da Humanidade terrestre.
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O ROTEIRO DE LUZ E DE AMOR
Mas, voltemos aos nossos propósitos, cumprindo-nos reconhecer

nos Evangelhos uma luz maravilhosa e divina, que o escoar incessante
dos séculos só tem podido avivar e reacender. É que eles guardam a
súmula de todos os compêndios de paz e de verdade para a vida dos
homens, constituindo o roteiro de luz e de amor, através do qual todas as
almas podem ascender às luminosas montanhas da sabedoria dos Céus.

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fonte : livro A Caminho da Luz
Chico Xavier
pelo Espirito Emmanuel

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